quarta-feira, 31 de julho de 2013

GÊNERO DRAMÁTICO



O gênero dramático apreende a obra literária em verso ou prosa, mais conhecida como peça teatral. É feita para ser encenada por atores e construída de diálogos, seja eles para cinema, teatro ou televisão.
Para que o público se simpatize com a obra alguns fatores devem ser considerados, como cenário, figurino (vestimentas), elenco, desempenho dos atores, gestos, além do próprio conteúdo da obra.

Integram-se ao gênero dramático:

Auto: representação que faz uso de alegoria pra fins místico, pedagógico ou moral. Geralmente são peças breves com tema religioso ou profano, ligadas aos mistérios e moralidades.
Comédia: representação de algo inspirado na vida, a fim de criticar ou satirizar os costumes.
Tragédia: representação de um fato trágico com o intuito de obter compaixão.
Tragicomédia: é a mistura do trágico com o cômico, entretanto, já foi a junção do real com o imaginário.
Farsa: peça teatral com características caricaturais e ridículas. Tem como objetivo criticar a sociedade e os costumes. Um grande autor a ser citado é Gil Vicente que ficou conhecido pelas suas inúmeras farsas, dentre elas, a Farsa de Inês Pereira, a Farsa do velho da horta.


Você sabia?

O teatro antigo era encenado com máscaras que recebiam o nome de persona, per sonare = soar através de. As máscaras eram confeccionadas para que a voz do ator alcançasse uma longa distância, já que as peças eram encenadas em teatros de arena enormes. Então, surgiu a palavra personagem.



Leia um trecho do final da Farsa de Inês Pereira, em que Pero Marques carrega Inês Pereira nas costas.



Inês: Sabeis vós o que eu queria?
Pero: Que quereis, minha mulher?
Inês: Que houvésseis por prazer
de irmos lá em romaria.
Pedro: Seja logo, sem deter!
Inês: Este caminho é comprido:
contai uma história, marido.
Pedro: Por certo que me praz, mulher.
Inês: Passemos primeiro o rio;
descalçai-vos.
Pedro: E pois como?
Inês: E levar me-eis ao ombro,
não me faça mal o frio.
Põe-se Inês Pereira às costas do marido, e diz:
Inês: Marido, assi me levade.
Pedro: Ides à vossa vontade?
Inês: Como estar no Paraíso!
Pero: Muito folgo eu com isso.
Inês: Esperade ora, esperade! Olhai que lousas aquelas,
Pera poer as talhas nela! 
Pero: Quereis que as leve?
Inês: Si. Uma aqui e outra aqui.
Oh, como folgo com elas!
Cantemos, marido, quereis?
Pedro: Eu não saberei entoar...
Inês: Pois hei só de cantar
E vós me respondereis
Cada vez que eu acabar:
“Pois assi se fazem as cousas”.
Canta Inês Pereira:
Inês: “Marido cuco me levades
E mais duas lousas.”
Pero: “Pois assi se fazem as cousas.”
Inês: “Bem sabedes vós, marido,
Quanto vos amo.
Sempre fostes percebido
Pera gamo.}
Carregado ides, noss’amo,
Com duas lousas.”
Pero: “Pois assi se fazem as cousas.”
Inês: “Bem sabedes vós, marido,
Quanto vos amo.
Sempre fostes percebido
Pera cervo.
Agora vos tomou o demo?
Com duas lousas.”
Pero: “Pois assi se fazem as cousas.”
E assi se vão, e se acaba o dito auto.

LAUS DEOS  (Deus seja louvado.)


VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. São Paulo: Martin Claret, 2001.

ESTILOS LITERÁRIOS


Com este trabalho, queremos mostrar os inúmeros estilos literários existentes, explicando um pouquinho sobre cada um.
Estes, que são uma forma de Arte, a arte escrita, são muito usados no nosso dia-a-dia e muitas vezes passam despercebidos
1. GÊNEROS LITERÁRIOS
1.1 Histórico - sobre fatos que exerceram considerável influência na evolução da humanidade.
Efemérides, anais e décadas: conforme a exposição dos fatos seja feita pela ordem dos dias, dos anos ou do período de dez anos.
Crônicas: narrativas cronológicas de fatos relativos a um reinado ou governo, ou narrativa de um acontecimento.
Memórias: narrativas, onde o autor, expõe fatos ligados a ele, que é o personagem central do fato histórico.
Comentário: exposições de fatos ou de acontecimentos históricos a que o autor tenha assistido.
Biografia: descrição da vida de personagens notáveis.
Quadro Histórico: narrativas de fatos importantes da vida de uma nação.
Romance Histórico: narração onde o autor mistura os fatos e personagens verdadeiros com fatos e personagens imaginados pelo autor.
História: narração dos fatos naturais ou atos humanos que determinaram a evolução da humanidade.


1.2 Didático – são as composições literárias que têm por finalidade ensinar.
Tratado: exposição de princípios, leis, definições, que se referem a uma ciência ou arte.

Dissertação: breve composição onde o autor lança uma ideia, prova com argumentos sua veracidade e chega à conclusão final que é sua tese.
Crítica Literária: interpretação, análise e apreciação do mérito de qualquer trabalho literário.


1.3 Narrativo – Ficções em geral, como:
Romance: na Idade Média, usado para designar a poesia épica. No Romantismo, designava qualquer obra em prosa e de ficção, quer fossem romances históricos, psicológicos, experimentais, sentimentais, ou de aventura

Fábula: o assunto é a vida dos animeis, com a finalidade de dar lição de ordem moral.

Novela: ficção de diálogos rápidos, narração direta, tudo para condicionar o leitor a querer saber o final da história.

Conto: narrativa breve. Em geral, não há grande variedade de personagens, espaço e tempo.

Anedota: ficção onde o autor engenhosamente conduz a história com o propósito de provocar graça.

Apólogo: o autor dá vida aos seres inanimados. Na fábula quem fala, age e ensina são os animais; no apólogo, quem fala, age e ensina são as coisas.

Parábola: curta narrativa de sentido alegórico e moral. Quase sempre tem profundo ensinamento de caráter superior, que ultrapassa limites.


Veja mais em: Gênero Narrativo.


1.4 Epístola – Cartas, quer sejam familiares ou doutrinárias; envolvendo fatos e personagens reais ou de ficção.
Ação: é o tema ou o assunto que o artista desenvolve. O Assunto é sempre grandioso, retratando a história e o espírito de um povo.

Personagem: é o agente ou herói da ação.

Maravilhoso: é a constante intervenção de entidades sobrenaturais no decorrer da ação do poema.

Proposição: onde o poeta resume o assunto que vai cantar.

Invocação: onde o poeta pede inspiração às entidades sobrenaturais.

Dedicatória: onde o poeta oferece sua obra à alguém.

Narração: parte mais longa do poema, onde o autor desenvolve a ação.

Epílogo: onde o autor remata sua história às vezes com reflexões filosóficas.


1.5 Oratório – Aplicação do discurso com a finalidade de convencer e influenciar pessoas.

2. GÊNEROS EM POESIA


2.1 Épico – compreende as composições de feitos heróicos de caráter lendário ou histórico de um povo. (Veja mais em: Epopeias - Textos Épicos)


2.2 Lírico – há expressões de sentimento, emoções, estados de alma. Fala-se na primeira pessoa (Eu). O autor fala dele, do amor que lhe invade o espírito. Ainda que o autor possa falar do “Ele”, o envolvimento é com o “Eu”.
Acalanto: canto poético destinado a embalar o sono.
Hino: onde o poeta glorifica alguém ou celebra algum acontecimento.
Ode: pequena composição poética, de estilo sóbrio, severo e erudito com elevação do pensamento.
Canção: pequena composição – quase sempre popular – simples e expressiva, sobre diversos assuntos.
Soneto: composição poética de forma fixa. Em geral, a última estrofe contém a “chave de ouro” – essência da idéia geral.
Elegia: de caráter triste, cuja tristeza geralmente provém do luto ou da melancolia. O epitáfio – versos para inscrição tumular – pode ser considerado elegia.
Acróstico: as letras inicias de cada verso formam, na vertical, o nome de uma pessoa ou coisa.

(Veja mais em: Gênero Lírico)


2.3 Pastoril – composições que descrevem a vida campestre.
Éclogas: são composições pastoris, piscatórias ou venatórias, conforme os personagens, sejam pastores, pescadores ou caçadores.

Idílio: poesia pastoril onde o autor expõe seus sentimentos.


2.4 Satírico – destinada a ridicularizar. A paródia é espécie de sátira. Imita uma composição séria e famosa, com o intuito de ridicularizar.

3. GÊNEROS DRAMÁTICOS


3.1 Tragédia: Criação que gravita em torno de um conflito sério e profundo, envolvendo amor, a piedade ou o terror. Quando acompanhada de música chama-se ópera.

3.2 Comédia: Composição sobre um assunto vulgar, de costumes, com o fim de divertir e moralizar.

3.3 Drama: Criação teatral que gravita em torno de um conflito entre duas vontades, procurando vencer uma à outra. Shakespeare é seu criador e mestre.